VULNERABILIDADE TRANS

A vulnerabilidade de travestis e transexuais é uma das mais fortes e invisibilizadas quando postas à mesa de debates em conjunto com os outros grupos da comunidade de lésbicas, gays e bissexuais. A própria precarização de dados e políticas públicas para este grupo já é um indício de seu silenciamento político, social, cultural, de direitos e cidadania. Dos poucos dados disponíveis ao público geral, pode-se destacar a informação da rede européia de organizações que apóiam os direitos da população transexual Transgender Europe (TGEU), que em 2017 publicou uma pesquisa que mostra o Brasil na ponta dos países que mais matam travestis e transexuais no mundo. Em seis anos, de acordo com a pesquisa, foram mais de 1071 mortes.

VISIBILIDADE TRANS

A visibilidade das demandas de direitos e cidadania de travestis e transexuais no Brasil começa, a partir de 2015, a ganhar espaço político e social quando começa a surgir às primeiras políticas públicas para este grupo como a vanguarda Transcidadania, lançado no Dia Nacional da Visibilidade Trans, 29 de janeiro, pela prefeitura da cidade de São Paulo.

Nestes primeiros anos do Programa, algumas das vulnerabilidades em que são condicionadas travestis e transexuais foram se confirmando pelo programa municipal. Alto índice de expulsão familiar e evasão escolar, prostituição compulsória, uso de substâncias tóxicas sem acompanhamento médico como silicone industrial e hormônios são alguns dos tópicos que colocam a vida dessas pessoas em uma margem bastante precária da vida social, do direito humano e da cidadania, dados que por si só justificam programas governamentais como o Transcidadania.

Com esta pequena exposição sobre a realidade das travestis, mulheres e homens transgêneros, já é possível a formulação de uma justificativa sólida no argumento de que as demandas social, cultural, política, de direito e de cidadania apresentadas pelos homossexuais masculinos cisgêneros não alcançam, por vezes, as urgências de transgêneros, travestis e transexuais .

Atualmente, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é composta de uma programação de fim de semana que compõem diversas atividades sócio-culturais na defesa do combate à homofobia.

O próprio evento já foi realizado no mês de maio em que se é comemorado do Dia Nacional do Combate à Homofobia, 17 de maio, passando a ser realizado no mês em que se é comemorado do Dia Internacional do Orgulho LGBT, 28 de junho.

Com esta pequena exposição sobre a realidade das travestis, mulheres e homens transgêneros, já é possível a formulação de uma justificativa sólida no argumento de que as demandas social, cultural, política, de direito e de cidadania apresentadas pelos homossexuais masculinos cisgêneros não alcançam, por vezes, as urgências de transgêneros, travestis e transexuais.

REPRESENTATIVIDADE TRANS

Atualmente, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é composta de uma programação de fim de semana que compõem diversas atividades sócio-culturais na defesa do combate à homofobia. O próprio evento já foi realizado no mês de maio em que se é comemorado do Dia Nacional do Combate à Homofobia, 17 de maio, passando a ser realizado no mês em que se é comemorado do Dia Internacional do Orgulho LGBT, 28 de junho.

Entretanto, a simples mudança de datas não significa uma real mudança discursiva e política na luta pela visibilidade, representatividade e cidadania de toda a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais, queer, não- binários, intersexuais e assexuais.

Observando essa defasagem representativa, os movimentos de mulheres lésbicas e bissexuais organizam no dia anterior da Parada do Orgulho LGBT a sua própria caminhada, e com o apoio do próprio município.

Entre os motivos deste descompasso na visibilização e representação social, cultural e político dentro do que é conhecido como ‘movimento lgbt’ se dá por múltiplas questões históricas e políticas.

Vivendo em um país misógino, machista e racistas em que a cada sete minutos uma mulher é violentada no Brasil, de acordo com a extinta Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, é quase que natural que as demandas sociais e políticas apresentadas por homens brancos e cisgêneros estejam à frente das vozes mais vulnerabilizadas e precarizadas.

No caso da comunidade LGBT, homens brancos cisgênero homossexuais têm privilégios que os colocam no front dos movimentos, enquanto as travestis e mulheres transexuais pretas que vivem nas periferias das metrópoles ou no interior do Brasil mal conseguem se articular socialmente para a compreensão da sua própria humanidade.

Neste sentido que cidades que compõem, por exemplo, a Rainbow Cities Network, uma associação internacional de cidades que promovem os Direitos Humanos e a cidadania da população LGBT onde a cidade de São Paulo está inserida desde 2016, têm em seu calendário do mês do Orgulho LGBT uma semana específica de eventos para cada grupo da comunidade. Em geral muitas cidades do mundo, durante o fim de semana há o Dia da Macha Trans, o Dia da Marcha Lésbica e então, no domingo o Dia do Parada Gay.

Entendendo a complexidade histórica e social em que estão inseridas as urgências, demandas e vozes da comunidade de transgêneros, travestis e transexuais; e levando em consideração os avanços de políticas públicas para os direitos fundamentais e de cidadania à população de travestis e transexuais na cidade de São Paulo; o [SSEX BBOX] idealizou esse evento e junto a seus patrocínadores, apoiadores e parceiros justifica a 1ª MARCHA DO ORGULHO TRANS, no sentido de juntar vozes representativas do próprio movimento para que seja possível uma visibilidade mais justa e igualitária das demandas deste grupo tão invisibilizado e precarizado na atual sociedade.

IDEALIZADOR

[SSEX BBOX] SEXUALIDADE FORA DA CAIXA é um projeto de justiça social que busca oferecer perspectivas plurais sobre sexualidade e gênero a partir do relato das experiências de pensadoras(res), educadoras(res), ativistas, artistas e outras pessoas que vivem, aprendem e amam fora das normas sociais e culturais dadas como padrões totalizantes e universais. Desde 2015, [SSEX BBOX] organiza a Conferência Internacional [SSEX BBOX] que reúne jovens ativistas, pesquisadores, artistas e comunicadores sociais para pensar juntos Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos. A Conferência Internacional [SSEX BBOX] acontece todos os anos em São Paulo, Brasil, e reuniu de 2015 a 2018 mais de 8.000 pessoas, que participaram de aproximadamente 110 painéis e workshops, contando com 395 palestrantes. Impactando mais de 90.000.000 de pessoas online.

Além disso, o [SSEX BBOX] tem um calendário anual de atividades sócio-culturais e políticas para contribuir à um debate efetivo e propositivo sobre sexualidade e gênero nas mais diversas inter temáticas como política pública, saúde, acessibilidade, movimento social, arte, cultura e outras.